Ao completarmos 10 anos de carreira, sentimos a necessidade de fazer uma avaliação de nosso trabalho, ver até onde fomos, até onde gostaríamos de ir. Isso resultou em um processo de reclusão, de amadurecimento de novas idéias. Paralelamente, tocamos no exterior, fizemos um livro-songbook-biografia, o RockBook, fomos os primeiros a ter um email para contato direto com os fãs, um dos pioneiros artistas na Internet. E tudo isso aconteceu ao mesmo tempo em que nos desligávamos da Sony Music, numa união que não deu certo, e assinávamos com a BMG. A feitura deste novo trabalho foi lenta e por vezes muito cansativa, mas agora está pronto. Produzido no Rio de Janeiro e em Nova Iorque, por três produtores (Carlos Beni, Paul Ralphes e Tuta Aquino), contou com a participação de George Israel, do Kid Abelha, no sax de Janaína. Além disso, foi o primeiro CD de Audio com acesso à internet no Brasil (em uma parceria com a UNISYS). O disco também veio com uma faixa interativa para apresentar maiores detalhes aos fãs (cifras, midi, comentários e muito mais.) Mais do que um disco voltado para a tecnologia, buscamos fazer um disco voltado para a comunicação entre as pessoas. Biquini.com.br pode tanto ser o nosso endereço na internet como uma abreviação de Biquini Com Brasil.
Em 1999, o CD biquini.com.br foi lançado em Portugal, tendo Janaína como single naquele país e rendido uma tour de divulgação da banda em Abril.
Direção Artística: Jorge Davidson
Produzido por Paul Ralphes, Carlos Beni e Tuta AquinoCarlos Beni produziu Sexta Feira, Escola, Mesmo Assim, Coronel e Boquiaberto. Paul Ralphes produziu Janaína, Sabor do Sol, Goiatuba, Aqui Dentro e Dançar Pra Não Dançar. Tuta Aquino produziu Dançar Pra Não Dançar [Tutamix] e Sabor do Sol [Tutamix]Todas as composições de autoria do Biquini Cavadão [Alvaro, Bruno, Miguel, Sheik e Coelho] exceto as faixas: “Dançar Pra Não Dançar” – Rita Lee, “Sabor do Sol” – Alvaro, Bruno, Miguel, Sheik, Coelho e Beni. Todas as músicas editadas pela Mercury, exceto “Dançar Pra Não Dançar”, pela Warner Chappell.Gravado em mixado entre 96 e 97 nos Estúdios Mega, Gorila Mix [Rio] e Soundtech [NYC] por Marcus Adriano,Walter Costa, Denilson Campos e Steve Barkan. Mixado por Marcus Adriano, exceto “Sexta Feira’, por Marcio Gama e “Sabor do Sol” [Tutamix] e Dançar Pra Não Dançar [Tutamix] por Steve Barkan. Masterizado por Ricardo Garcia no Magic Master. Assistentes de Gravação: Max Pierre, Gabriel Pinheiro, Marcio Pinheiro, Marcio Thees, Marcius Teixeira, Ben-Hur [Mega] e Marcelo ‘Ewok’ Cota [Gorila Mix]Projeto Gráfico: Fernanda Villa Lobos e Barrão
Fotografia: Nana Moraes
Figurino: Ana Cristina R. de Carvalho (Zizi)_Montagem de Mídia: Croqui Comunicação InterativaO Biquini na estrada:
Direção musical: Carlos Beni – Road-Manager: Valdir Rodrigues – Som: Dênio Costa – Iluminação: Alexandre Correia – Coordenação de Palco: Marcio “Mosca” Villa Nova – Técnico de guitarra: Mario “Mico” Cavalcante – Técnico de teclados: Roberto “Pizza” SacramentoO Biquini Cavadão foi, é e será:Alvaro Birita – bateria e percurssão
Bruno Gouveia – voz
Carlos Coelho – guitarras e violões
Sheik – baixo
Miguel – teclados e vocais
biquini.com.br
por Carlos Beni
Os Ultimos Anos
“E aí, você não canta mais ?”
A frase, dirigida ao Bruno (vocalista), foi disparada por um homem bem vestido, aparentando cerca de 40 anos, quando caminhávamos, juntamente comSheik (baixista), pelo centro da cidade do Rio de Janeiro, algumas semanas atrás.
0 questionamento do passante não é sem motivo, o lançamento do disco “biquini.com.br” interrompe quatro longos anos de silêncio do Biquini Cavadão. Esta pausa voluntária para meditação se deu após uma impressionante sucessão de ‘hits’ no período entre 1992 e 1994 (“Zé Ninguém”, “Impossível”, “Vento Ventania” e “Chove Chuva”), que estabeleceu o Biquini Cavadão na percepção do público como um fornecedor confiável de grandes canções pop.
A saída de cena após um sucesso consagrador não é de se estranhar para um grupo como o Biquini Cavadão que, ao longo dos seus treze anos de carreira, se especializou em anticlímaxes e na frustração de expectativas. Mais uma vez a banda ignorou as indicações do bom senso, as pressões do mercado, e seguiu o caminho que apontou o seu nariz.
“Estas pseudoférias eram necessárias afinal, foram dez anos de dedicação exclusiva”, diz o tecladista Miguel. De fato, entre 1984 e 1994 o Biquini Cavadão evoluiu de um grupo de estudantes que compunha canções em salas de aula (como o clássico “Tédio”, iniciado numa aula de Física na UFRJ) para se tornar um grupo de artistas solidamente estabelecidos no cenário pop nacional.
Desde sempre o Biquini Cavadão compôs e gravou seus discos contra o relógio, na base da pressão das gravadoras, dos empresários e dos fãs. No início de 95 a banda foi forçada a pensar no seu próximo disco, e a necessidade de uma freada de arrumação ficou clara. Naquela ocasião, pela primeira vez na história do Biquini Cavadão, as canções não apareceram. Depois de um mês de ensaios com resultados pouco estimulantes, a banda teve que reconhecer que tinha problemas.
Ao invés de resolver, como tantos outros, a crise criativa com um disco de Iícovers” ou de canções de segunda categoria, a banda se rendeu às evidências, e admitiu que era preciso dar um tempo. Um tempo nos discos, bem entendido, porque em nenhum momento o grupo parou de se apresentar pelo Brasil e até fez, em 95, sua primeira excursão aos EUA. Afinal, o Biquini Cavadão é daquele tipo de grupo que faz da estrada a sua razão de existir.
Aproveitando a temporária ausência de inspiração, o Biquini se dedicou a projetos pessoais Iongamente adiados. Sheik publicou seu primeiro livro de poesia, “Borboletas no estômago do cachorro louco”, e produziu a “demotape” do grupo Boato (que levou o grupo a ser contratado por uma gravadora).0 baterista/violonista Álvaro Birita produziu dois discos do duo BarbieriSchneitter, premiada dupla de violonistas eruditos.Miguel se dedicou ao seu estúdio de gravação “Gorilla Mix”.Bruno mergulhou na Internet, e entre um “site” e outro, organizou a edição do songbook do Biquini Cavadão. O guitarrista Carlos Coelho fez sua firma, Jingle Bells, se tornar uma das melhores produtoras de trilhas publicitárias do mercado.
0 Processo
No início de 96 a idéia de que talvez não houvesse futuro para o Biquíni Cavadão começou a preocupar. Álvaro Birita apareceu com uma nova música: “Goiatuba”. Em poucos minutos de ensaio a canção tomou forma e, segundo ele: Ficou claro para nós que a crise tinha passado, e que esta banda ainda tinha muita música para fazer. Vencida a inércia, em poucas semanas o repertório de “biquini.com.br” tomou forma. Numa “jam” com Bruno improvisando uma melodia num texto de Sheik surgiu “Sexta- Feira”, Birita deu a partida em novas canções como “Sabor do Sol” , “Mesrno Assim e “Escola”, Coelho e Miguel deram forma harmônica a “Aqui Dentro” e Bruno insistiu com sua Janaína”, ou seja, o habitual mutirão caótico do Biquini Cavadão estava de novo funcionando a todo vapor.
A pausa que refresca funcionou, o Biquini Cavadão voltou renovado de idéias e influências, pronto para mais dez anos de trabalho intenso. Incorporando novas tecnologias e novos ritmos, a banda demonstra em “biquini.com.br” como é possível evoluir na sonoridade sem perdera essência. E as canções são a essência do Biquini Cavadão. A banda é, antes de qualquer outra coisa, um grupo de compositores populares que se utiliza dos mais diversos estilos e influências (rock, reggae, xote, disco, techno e samba) para transmitir sua mensagem de observação da realidade e comentário social do ponto de vista da sua geração.
0 Biquini é pop no sentido de popular, destina sua música para todos os públicos, sem preconceitos e sem guetos, não faz música para adolescentes punheteiros ou para clubbers antenados, faz sua música para seres humanos, sem adjetivos.
É este desejo de se comunicar sempre com o maior número possível de pessoas que fez o Biquíni Cavadão ser o primeiro artista brasileiro na Internet (a banda inaugurou o seu endereço eletrônico ainda no início de 95). A importância que o Biquini Cavadão dá a este contato constante e direto com seu público fez com que o grupo batizasse o seu novo disco com o endereço do seu site” na rede.
0 “biquini.com.br”, primeiro disco do Biquíni Cavadão pela BMG, marca um reinício para a banda, uma nova fase da maturidade artística e pessoal deste grupo de amigos que resolveu fazer da música sua forma de expressão.
0 disco “biquini.com.br” é especialmente um prodígio de consistência. A busca constante de novas sonoridades levou o Biquini Cavadão a uma maratona e ao estouro de diversos orçamentos durante as gravações de seu novo disco. Foi gravado durante dois anos (96/97) em três estúdios diferentes, no Rio e em Nova lorque, com três produtores diferentes (Carlos Beni, Paul Ralphes e Tuta Aquino). 0 resultado é uma extraordinária demonstração da força da personalidade artística do Biquíni Cavadão.
Como não poderia deixar de ser, num álbum de um grupo de micreiros militantes, biquini.com.br traz, além de 12 canções inéditas, um respeitabilíssimo “data package”.
0 pacote de dados do Biquíni não é brincadeira. Inclui uma superfaixa multimídia, com letras, biografias, uma prévia do “site” do Biquíni na Internet, para os desconectados e muitos outros quitutes. Oferece um “klt” de acesso à Internet, da Unisys, com duas horas grátis de conexão, e os programas necessários para navegar na rede.
Muitas outras surpresas; podem ser desencavadas pelos usuários Windows 95 e de Mac.
Carios Beni