• Zé Ninguém

  • Cai Água, Cai Barraco

  • Últimas Horas

  • Vento Ventania

  • Bem Vindo Ao Mundo Adulto ’90

  • Descivilização

  • Vesúvio

  • Arcos

  • Impossível

  • Meu Reino ’91 (Um Lar Em Brixton)

  • A Cidade

Se a Era da Incerteza foi um parto, Descivilização começou a ser gravado após um aborto. Em 1990, quase nenhuma das músicas escaladas para a gravação do que seria o quarto disco do grupo acabou sendo aproveitada. Acreditávamos que se fosse para repetir as idéias, era melhor então nem lançá-las. Como resultado disso, ficamos sem fazer shows, e passamos quase que um ano no breu até que saisse o novo disco.Herbert Vianna participou da faixa “Cai Água Cai Barraco”, desta vez, cantando, e Roberto Menescal, que em 85 nos contratou para a Polygram, cedeu seus dotes “bossanovíssimos” à música “Arcos”. As novidades não paravam nas presenças ilustres. A sonoridade do Biquini estava mais pop. As músicas mais alegres e as letras tratavam de temas bem distintos dos outros discos. Zé Ninguém abria o lado A como se na verdade concluisse em uma música o disco antecedente. Vento Ventania nos surpreendeu se tornando o maior sucesso do disco e Descivilização, a música, definia um novo questionamento social: vivíamos numa sociedade civilizada? Isto é a civilização? Ou será que era a negação dela? Primeiro disco nosso lançado em CD, tratamos de aproveitar bem o espaço extra oferecido e incluimos assim, dois bônus tracks: as versões remix de “Bem Vindo ao Mundo Adulto” e “Meu Reino”, que já haviam estourado nas rádios antes do lançamento do disco em julho de 91.

o biquíni cavadão é, foi o será: álvaro, “birita” bateria/ percussão eletrônica brunam gouveia vozes carlos coelho guitarras/ violões/ voz miguel flores da cunha piano/teclados/voz sheik baixos/ efeitos

todas as canções são compostas pelo biquini cavadão, exceto “últimas horas , “vento ventania” e “descivilização” compostas por biquíni cavadão/beni

direção artística: mayrton bahia
pruduzido por carlos beni
gravado por marcus adriano
mixado por marcus adriano & sheik

assistentes de gravação super homem (jorge) joão carlos (tio joão) e marcus vicente programação eletrônica artes culinárias e gargalhadas: paulo andré mossman, nosso “nagi nahas”

direção de clima, guru mercadológico & outros: sergio vasconcellos

gravado nos estúdios polygram
entre abril e julho de 91
gerencia de estudio paulo succar
percussao em arcos barney
projeto gráfico: ricardo leite
coordenação gráfica: arthur froes
arte do cd: ayssa bastos

astros especialmente convidados
roberto menescal tocou violão em arcos e ensinou algumas novas lições aos aprendizes herbert vianna que tem entro outros feitos na sua biografia, a honra de ter batízado o biquíni cavadão foi convocado para prestar seus dotes vocais à canção caí água, cai barraco

dívidas impagáveis
bruno fortunato
galli & leoni
felipe eyer
toninho

dívida eterna
ronaldo lima filho

biquinis na estrada
Valdir rodrigues road manager
marcio mosca roadie
mario mico roadie
tavinho som de palco

papos furados informações adicionais e- Correspondência em geral: clube da cadela pornográfica ex. postal 14744 cep 22412 / rio de janeiro rj

bem vindo ao mundo adulto ’90 produzido por marcelo mansur teclados adicionaisfabio fonseca

gravado nus estúdios transamerica/rj tecnicos de gravação: cidinho /fernando

meu reino ’91 (um lar em brixton)
produzido por sandro tauzs/robson vidal & biquini cavadão

Descivilização
por Carlos Beni
A HISTÓRIA DA DESCIVILIZAÇÃODESCIVILIZAÇÃO, quarto disco do Biquini Cavadão,é mais do que simplesmente outro disco, é o momento da decisão. Existe um determinado instante na carreira de todo artista de sucesso, quando se deve optar entre manter a fórmula, ou criar um novo caminho. Esta é a hora da verdade, o momento crucial que separa os verdadeiros artistas dos meros figurantes da história.”Rubber Soul” dos Beatles, “London Calling” do Clash ou “Cabeça Dinossauro” dos Titãs e “Selvagem” dos Paralamas do Sucesso, são discos que marcaram este momento em que uma banda re-inventa a si mesma. Descivilização” é um disco deste gênero, um trabalho que representa um salto qualitativo na carreira do Biquini Cavadão.Fazer música “pop” com cérebro, esta sempre foi a proposta do B.C., em “Descivilização” o grupo alcança a maturidade desta intenção. Esta evolução é resultado de um esforço consciente, como conta Bruno (vocalista/palpiteiro-mor): “Foram dois anos de papéis rasgados, discussões conceituais e insatisfação permanente”.O parto de “Descivilização” foi particularmente complicado. Num surto de auto-critica destrutiva, dezenas de canções, centenas de arranjos, milhares de idéias, o trabalho de um ano e meio foi para a lata do lixo. Sheik (baixista/critico residente) explica: “haveria disco, se houvesse evolução que justificasse a sua existência, para fazer a mesma coisa outra vez era melhor não fazer nada”.Esta crise existencial, que deu margem à especulações de que o Biquini Cavadão tinha se desintegrado, foi uma pausa para meditação, uma reavaliação de como e porque o que era uma brincadeira despretenciosa virou uma carreira e uma profissão.0 resultado desta psicanálise de grupo, é um disco onde o “pop” é mais assumido, as idéias são mais claras e a proposta inicial do Biquini Cavadão de “um instrumento na mão e uma idéia na cabeça” é reassumida com novo vigor.Para o Biquini Cavadão o essencial são idéias, se elas não existirem não há razão para música. A CIVILIZAÇÃO DO BIQUINI ou TUDO QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE 0 B. C., E NUNCA LHE OCORREU PERGUNTAR0 Biquini Cavadão é um grupo de amigos e livre-pensadores , que por força das circunstâncias viraram músicos. Ao contrário da maioria das bandas, que são formadas por músicos que eventualmente se tornam amigos.Na sua pré-história o B.C. era um bando de adolescentes semi-vadios, que como tantos outros, se reuniam para irritar os vizinhos e fazer música. Como a idéia de fazer canções veio antes da competência para executá-las, cada um se virava no instrumento disponível.Birita (percussionista abstêmio) descreve um ensaio típico desta época : -“Era simplesmente um pandemônio, nós passávamos horas discutindo antes de tocar, e quando começávamos era terrível. Eu ‘tocava violão, o Miguel um “casiotone” fuleiro, o Sheik batucava uma percussão e o Bruno cantava e tentava, sem nenhum sucesso, tocar baixo.”Foi provavelmente por causa deste inicio desalentador, que o Biquini Cavadão desenvolveu um processo único de fazer música, o que poderia se chamar de ‘Criação Coletiva Total’.Isto significa que as composições e arranjos são resultado de um “brainstorming” que involve indistintamente todos os integrantes do grupo.Assim, há canções em que a linha de baixo é uma sugestão do tecladista, a letra foi escrita pelo baixista, o baterista compôs a parte da guitarra, o guitarrista criou o arranjo do teclado, e o vocalista sugeriu a “levada” da bateria. No B.C. , todo mundocompõe tudo o tempo todo. Foi de uma destas explosões de caos que surgiu “Tédio”.Em 85, com média de idade de 18 anos, o Biquini Cavadão era um bando de adolescentes muitíssimo ocupado. Sua primeira composição com começo, meio e fim, tinha se tornado um “hit” nacional.,Foi neste período que adentrou à cena Carlos Coelho (guitarrista perfeccionista), que apesar de ser músico por convicção, se in -tegrou rapidamente ao grupo, embora estranhasse o “modus operandi” biquiniano: – “Minha primeira impressão foi de que eles tocavam mal, mas eu gostei das músicas e fui ficando. 0 que eu achava mais estranho, é que eles não davam a mínima para o sucesso que estavam fazendo. Se comportavam com o maior desinteresse, quando muita gente daria o braço direito para ter um “hit” com “Tédio”.De fato, durante um bom “par” de anos, a atitude geral do Biquini Cavadão, em relação ao sucesso , era de incredulidade. Miguel Flores da Cunha (tecladista erudito) esclarece: – “Nós, sinceramen te, nunca tivemos a pretensão de fazer da música uma carreira profissional, tanto que eu e o Bruno passamos anos na faculdade, depois do B.C. já ter feito sucesso. Para nós, carreira profissional era medicina, engenharia, essas coisas …. música, era apenas diversão. Acho que só muito recentemente é.que tomamos consciência de que a coisa era séria e não tinha mais volta”.Descrentes ou não, “Cidades em Torrente” – primeiro LP do B.C., foi um disco de estréia melhor que a encomenda. Com mais duas canções: “No mundo da lua” e “Timidez”, estouradas no rádio. 0 B.C. deixou o time dos “cults” para cair na vida.Assim se passaram dois anos, e em 87 escolados pela estrada, o grupo se apresentou aos estúdios da Polygram para gravar seu segundo disco com uma recém-adquirida intimidade com seus instru- mentos. Este pseudo-virtuosismo às vezes complicou, desnecessaria mente, as boas canções de “A Era da Incerteza”. .Mas o resultado final e o sucesso de, “Ida & Volta” e “1/4”, comprovaram aos céti cos que o Biquini Cavadão era uma moda que iria durar mais que um verão.”ZÉ, terceiro LP do B.C., é o último disco desta fase de “estágio remunerado” do grupo. Marcando a transição musical e pessoal entre o descompromisso adolescente e a maturidade artística, explici tada em Bem-vindo ao Mundo Adulto”, “ZÉ” é um disco que sobreviveu ao descaso. Lançado num momento, em meados de 89, quando a Polygram passava por traumáticas mudanças internas e o mercado fonográfico, parecia saturado de “Brock”. o disco foi recebido com certo desinteresse pela critica. Mas, como boas canções são difíceis de ignorar, eventualmente “Teoria”, “Meu Reino” e “Bem-vindo ao Mundo adulto”, encontraram seu lugar nos ouvidos do público.Esta é a história do Biquini Cavadão. Um grupo que nunca teve uma música em trilha de novela, não participa de movimentos poli ticos-sociais, não vai à festas badaladas, não usa artifícios de auto-promoção ou seja, é um pesadelo para qualquer divulgador.E apesar de ser uma nulidade em matéria de marketing, o B.C. existe e faz sucesso, e enquanto houver idéias e amizades, continuará existindo.